No ano de 2001 a TV Globo elaborou concurso para eleger o ‘brasileiro do século’, pois estava encerrado o século XX e a mídia queria saber qual brasileiro poderia ser a referencia daquele século. Assim, cada filiada da Globo faria o seu concurso local e enviaria o vencedor para representar o estado no concurso nacional. Lembrei-me deste concurso, pois um dos maranhenses que estavam na disputa era Nauro Machado.
Quando eu ainda era estudante universitário em São Luís, gostava de frequentar uma locadora de filmes próximo ao meu apartamento, no bairro Renascença II. Ainda era o tempo de aluguel de DVD que estava começando a substituir as fitas VHS. Gostava particularmente desta locadora, pois diferente das demais que estavam repletas de novidades do cinema, essa tinha mais filmes raros, os chamados ‘cults’, além de musica e documentários. Pouco tempo depois abriu ao lado uma livraria e café bem ao lado da locadora. E sempre que ia até lá encontrava um velhinho sempre disposto, conversando com todos que por ali passava, comentando sobre filmes e livros. Certo dia, tomando um café, um dos atendentes chegou até mim e falou: - tá vendo esse senhor ai? Está concorrendo como um dos maranhenses do século, sujeito muito importante. Era o Nauro Machado.
Não recordo se cheguei a falar mais do que ‘bom dia’ ou ‘boa tarde’ com Nauro. Mas lembro dele em Caxias na década de 1990 quando participara de alguns eventos literários quando meu pai estava a frente do Executivo Municipal, inclusive também na Academia Caxiense de Letras. Lembro bem que meus pais batiam um bom papo com Nauro naquelas noites caxienses e eu apenas um adolescente a margem daquilo tudo. Com isso eles ganharam diversos livros com dedicatória do Nauro, os quais eu guardo com muito carinho em minha biblioteca.
Ontem (28/11) fez quatro anos que Nauro Machado saiu de seu corpo físico para habitar nas letras poéticas e nas boas memorias daqueles que tiveram o prazer de conhecê-lo, como nosso Wybson Carvalho, seu amigo de décadas.
Estou em São Luís e por coincidência passando bem ao lado de minha antiga morada e daquele ambiente em que sempre via Nauro, de bermuda e pernas cruzadas lendo jornal ou livro.
Nauro Machado não ganhou o concurso de ‘maranhense do século XX’, ficou com João do vale – merecidíssimo. O brasileiro do século XX, eleito nacionalmente, foi o arquiteto carioca Oscar Niemeyer. Mesmo sem prêmio, Nauro Machado é um dos maranhenses do século XX.
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